
A Seleção Brasileira Feminina fez uma bela estreia na Copa do Mundo, que, neste ano, acontece na França. No jogo contra a Jamaica, as brasileiras mostraram seu talento, incluindo Cristiane, que marcou nada menos que 3 gols.
O time do Brasil não é o favorito do mundial, mas ele carrega a melhor jogadora do mundo, Marta. Além dela, outras veteranas dão um show de bola em campo, como a meio-campista Formiga e a própria atacante Cristiane.
Elas brilham na hora do jogo e são exemplos para aquelas que estão em ascensão pelo mundo, como as atacantes Andressa Alves, do FC Barcelona, e Ludmila, que joga no Atlético de Madrid.
Há também estreantes na Seleção, como a meio-campista Luana e a defensora Daiane, que mostrarão as suas habilidades pela primeira vez em uma Copa do Mundo. Talento as 23 convocadas têm de sobra, mas ele sempre andou junto com o preconceito e o machismo.
Os comentários são vários e persistem até os dias de hoje. "Futebol não é coisa para mulher!", "Você sabe o que significa impedimento?" ou "Lugar de mulher é dentro de casa" são alguns dos muitos que elas – e todas que gostam de futebol! – já ouviram. E para quem não sabe, o futebol feminino foi barrado por décadas no Brasil. Ou seja, existe preconceito maior do que esse?
Mas todas as críticas não foram o bastante para que essas jogadoras desistissem de seus sonhos e chegassem à Seleção Brasileira.
"Existe um grupinho que me manda trabalhar em outra profissão, diz que futebol não é coisa de mulher ou tenta desmerecer meu trabalho", revelou Cristiane, em entrevista à Marie Claire. "Só sei que fazem isso porque não são capazes de fazer o que faço [risos]". Maravilhosa!
"O futebol feminino sempre teve uma dificuldade de reconhecimento e aceitação. Hoje, os clubes obrigatoriamente precisam ter times femininos, e isso nos deu visibilidade, fez com que as pessoas passem a trabalhar com isso. [...] Nunca pensei no que seria senão jogadora. Mesmo sabendo das dificuldades na época não havia algo além disso que sonhava em fazer", completou ela.
E o machismo e preconceito, muitas vezes, surgem na própria família; como foi o caso da defensora Camilinha, que atualmente brilha no Orlando Pride. Ao site Torcedores, a atleta revelou que aos 6 anos foi chamada de ‘Pezão' por um tio e ficou anos sem falar com ele.
"Não consegui tratar meu tio da forma que eu tratava antes. [...] Depois de alguns anos, quando eu fui para a Seleção Brasileira Sub-20 em 2013, ele não falou nada comigo. Em 2014, que eu ainda estava nas categorias de base e fui jogar no profissional, o meu tio quis ter um contato comigo. Perto do final de 2014, ele me pediu desculpa por tudo que tinha feito e pela forma que tinha falado".
"Eu sabia que ele tinha preconceito e não acreditava em mim, mas são coisas que a gente acaba relevando e eu sou adulta o suficiente para esquecer essa mágoa", mandou a profissional.
E a trajetória de Marta não foi muito diferente. No entanto, seguir o sonho e vê-lo ser concretizado não há machismo que sobreviva.
"O preconceito e a falta de oportunidade já me doeram ao longo do meu caminho. Doeu quando meninos não me deixaram jogar. Doeu quando treinadores me tiravam dos campeonatos porque eu era apenas uma menina. Doeu quando deixei minha família com 14 anos de idade para enfrentar três dias de viagem de ônibus com dinheiro contado no bolso e ir morar sozinha no Rio de Janeiro para jogar futebol profissional. Mas minha certeza de onde eu iria chegar nunca me deixou desistir", disse Marta, seis vezes melhor jogadora do mundo, durante um discurso no Women and Sport Trophy.
"Eu preciso lembrar que nem todas as meninas esforçadas e talentosas vão chegar onde eu cheguei. Muitas delas ficaram ou ficarão pelo caminho, porque vão enfrentar barreiras muito maior do que elas. É nosso compromisso que a igualdade de gênero em todas as áreas não seja mais um sonho e sim realidade".
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